Fisiolice - Consultório de Fisioterapia

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

RSE e seus Desafios, por Dr.Gontran de C. Neto

Texto fantástico

Escrever com o objetivo de traduzir pensamentos nem sempre torna-se uma tarefa fácil. Escrever procurando traduzir observações de sete anos de trabalho é sinônimo de ousadia e loucura. E tentar traduzir de forma escrita observações de sete anos de trabalho em Reequilíbrio Somato Emocional é total insanidade. Portanto, me perdoem esta minha tentativa transloucada. Mas, como já dizia o poeta: “de perto ninguém é normal”. Com Reequilíbrio SomatoEmocional aprendi que de longe também não.

Verifico, com a experiência clínica, que, apesar da crescente globalização, da facilidade de acesso à informação dos mais distantes locais do planeta, de uma demanda cada vez mais exigente, o ser humano continua avesso às mudanças. Das mais simples até as mais complexas formas de pensamento e comportamento.

Observo, em meus pacientes, que 95% deles não desejam realizar mudança alguma em suas vidas. Ou melhor, buscam sim uma mudança. No “outro”. O“outro” sempre é o responsável por seus tormentos, dificuldades, conflitos. E claro, pensando desta forma, a solução para seus problemas está também no “outro”, o “outro-terapeuta”. Estas pessoas buscam o resultado do lado de fora,na “pílula-azul-milagrosa” que a Medicina oferece. Aliás, é por conta disso que a Medicina continua inabalável em nossa cultura. Ela oferece o que delaesperam. Em outro prisma, surge a Psicologia. A figura do psicólogo aparece como aquele que ouve os problemas, orientando, direcionando e os solucionando. Total transferência, contestada, mas aceita, se é que me entendem. Reequilíbrio Somato Emocional não oferece nada disto. Oferece sim, a oportunidade do ser humano se redescobrir, se tocar e se deixar tocar, entrar em contato consigo mesmo, de se investigar, se reencontrar e, a partir daí, por si só, realizar ou não as mudanças necessárias à sua vida, tendo total responsabilidade sobre seus atos e seu contexto, com livre e absoluta escolha.


Desta forma, pode-se concluir a dificuldade que encontram os 5% dos pacientes que desejam realizar mudanças em suas vidas. Muitas vezes esses pacientes conseguem atingir um nível mais elevado de consciência através do tratamento e vislumbram uma necessidade de mudança, porém falta-lhes, ainda, a coragem necessária. Para eles, é como se o “céu” estivesse inatingível naquele momento, apesar de ser este o objetivo. E o “inferno”, situação anterior devida, não lhes servisse mais. Ficam a espera no limbo de suas consciências, até que este incômodo os façam dar o próximo passo. Ou não...

Costumo fazer uma analogia para explicitar esta dificuldade de mudança. Imaginemos uma mudança de domicílio. Para realizá-la é preciso promover uma desordem dos utensílios da casa para os alocar em recipientes ou caixas para o seu transporte. Neste momento costuma-se encontrar objetos muitas vezes há muito tempo não manuseados, de difícil acesso, ou ainda que não se imaginava mais existir. Invariavelmente ocorrem questionamentos do porque de se guardar estes objetos por tanto tempo e alguns optam por não transportá-los para a nova residência. Outros, resolvem, por apego ou vínculos emocionais, continuar os mantendo consigo, mesmo que não sendo mais utilizados. Tudo encaixotado, o transporte é realizado para a nova casa. Quando as caixas são depositadas, quase sempre sem nenhuma ordem e organização dentro do novo domicílio, a pessoa depara-se com um cenário de “caos”. O desespero quase sempre é a emoção encontrada. Como arrumar toda essa bagunça? Será que consigo algum dia? Por que resolvi me mudar? São as perguntas mais freqüentes nesta hora. É preciso, neste momento, tranqüilidade, maturidade e coragem para, com tempo, sem pressa ou cobranças, ir arrumando os objetos em seus devidos lugares, fazendo novamente escolhas sobre o que serve ou não, colocando a casa ordenada, em harmonia, de acordo com as necessidades de quem ali mora.
Em nossas vidas é exatamente assim que ocorre. Nossa casa maior é nosso corpo, nossa alma. Os “objetos”, são nossos pensamentos, nossos padrões de pensamento, nossas emoções, gravadas à ferro e à fogo em nossas células. Pois tomando consciência destes “objetos” que carregamos, podemos fazer escolhas sobre o que manter ou não. Sem dúvida é um processo doloroso, se forma o “caos” interno, porém não menos estruturante. Na hora em que o paciente sente desespero, em que surgem dúvidas e conflitos, se faz necessária a figura do terapeuta. Este é um dos maiores desafios, o de estimular a coragem no paciente, dando-lhe confiança num momento tão delicado, em que a lagarta pode se transformar em borboleta, conscientizando-o do processo, lembrando sempre,que as escolhas serão sempre as dele, sem interferências. Não serão boas, nem más, serão as que ele, paciente, teve a condição de tomar.

Este não é o resumo dos anos de trabalho que possuo em ReequilíbrioSomato Emocional. Mas considero a exposição do que considero a cerne do desafio maior que é o de promover mudanças em seres humanos os quais atendo. Estimular a “alquimia terapêutica”. 


Fonte: Dr.Gontran de C. Neto