Fisiolice - Consultório de Fisioterapia

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Analgésicos podem provocar dor de cabeça, em vez de curá-la


Quase 1 milhão de pessoas na Grã-Bretanha sofrem intensas dores de cabeça "completamente evitáveis", causadas pela ingestão de analgésicos em excesso, informam médicos do Instituto Nacional de Excelência Clínica e de Saúde (Nice, na sigla em inglês).
De acordo com as orientações da organização, muitas pessoas encontram-se em estado de dependência, após cederem a um "ciclo vicioso" de alívio da dor, o que acaba causando ainda mais dores de cabeça.
"Pessoas que ingerem medicamentos regularmente, como aspirina, paracetamol e triptan, podem estar causando mais dor do que alívio a si mesmos", diz documento elaborado pelo painel. "Enquanto tratamentos de farmácia são eficientes para aliviar dores de cabeça ocasionais, acredita-se que 1 em cada 50 pessoas sofra dores causadas pelo excesso de medicação, e a incidência é cinco vezes maior entre as mulheres."
Não há dados específicos na Grã-Bretanha sobre a incidência do problema, mas estudos em outros países sugerem que entre 1% e 2% da população é afetada por dores de cabeça. A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita estatísticas que apontam que, em alguns grupos pesquisados, a incidência chega a 5% da população.
Para Martin Underwood, da Escola de Medicina de Warwick, que liderou a pesquisa do Nice, "(a ingestão de analgésicos) pode acabar em um ciclo vicioso no qual a dor de cabeça fica cada vez pior, então você toma mais analgésicos, sua dor de cabeça fica pior, e pior e pior. E é uma coisa tão fácil de prevenir".
As novas orientações para os médicos na Inglaterra e no País de Gales são: alertar os pacientes para que suspendam imediatamente o uso dos analgésicos. Entretanto, isso pode levar a aproximadamente um mês de agonia, até que os sintomas eventualmente melhorem.
Os especialistas disseram ainda que devem ser considerados outras opções de tratamentos profiláticos e preventivos - em alguns casos, por exemplo, recomenda-se a acupuntura.

 Foto: Getty Images
De acordo com as orientações da organização, muitas pessoas encontram-se em estado de dependência
Efeito
A forma como os analgésicos atuam no cérebro não é totalmente compreendida pelos médicos.
Acredita-se que a maior parte das pessoas afetadas tenha começado a ter dores de cabeça comuns diárias ou enxaquecas; o problema foi se agravando à medida que essas pessoas passaram a recorrer à automedicação frequente.
Manjit Matharu, neurologista consultor do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia, disse que, em geral, a automedicação se torna um problema sério quando os pacientes começam a ingerir analgésicos por dez a 15 dias todo mês.
"Isso é um grande problema para a população. O número de pessoas com excesso de uso de remédios para dor de cabeça já é de um a cada 50. Isso representa aproximadamente 1 milhão de pessoas que têm dor de cabeça diariamente ou quase diariamente devido ao uso de analgésicos", diz Matharu.
As pessoas com um histórico familiar de dores de cabeça tensionais ou enxaqueca também podem ter uma vulnerabilidade genética ao excesso de medicação para dor de cabeça. Elas podem ser mais suscetíveis aos anlagésicos, mesmo que estes não sejam específicos para dor de cabeça.
'Diagnóstico mais preciso'
O Nice sugere que os médicos recomendem acupuntura para pacientes suscetíveis a enxaquecas e dores de cabeça tensionais.
"Podemos esperar que isso leve mais pessoas a procurarem acupuntura. Levando em conta que há evidências de que a prática é eficaz para a prevenção de enxaquecas e dores de cabeça tensionais, isso é algo positivo", diz Martin Underwood.
A chefe da Fundação Enxaqueca da Grã-Bretanha, Wendy Thomas, disse que as orientações deverão ajudar o trabalho dos médicos.
"As medidas vão colaborar para um diagnóstico mais preciso, recomendações apropriadas e informações baseadas em evidências para aqueles com dores de cabeça perturbadoras. Também vão conscientizar sobre os excessos de automedicação, que podem ser um problema sério para aqueles com dores de cabeça graves."
Fayyaz Ahmed, director da Associação Britânica para o Estudo de Enxaqueca, também vê as orientações com bons olhos.
"A dor de cabeça é a doença mais frequente, e uma em cada sete pessoas na Grã-Bretanha sofre de enxaqueca. O problema coloca um peso enorme sobre os recursos do sistema de saúde e a economia de forma geral", avalia.
No Brasil, estudos de 2009 apontam a incidência de enxaqueca em cerca de 15% da população.

Fonte: Terra

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Automedicação: Risco e uso racional de medicamentos para o tratamento da dor



Automedicação: Risco e uso racional de medicamentos para o tratamento da dor
A automedicação, uma prática muito comum no Brasil, traz riscos à saúde, quando realizada indiscriminadamente, e pode aumentar a possibilidade de surgirem efeitos colaterais indesejáveis. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fiocruz, no Brasil, os medicamentos são o principal agente de intoxicação humana, com mais de 34 mil ocorrências por ano, entre elas 966 são causadas por automedicação.
O uso indiscriminado de medicamentos pode, por exemplo, anular sua eficácia ou potencializar seus efeitos adversos, além de mascarar sintomas ou agravar doenças. Já o uso racional, quando um medicamento é usado conforme as orientações dos médicos e da bula, resulta em tratamento eficaz e seguro no combate às doenças.
Para Rogério Teixeira da Silva, mestre e doutor em Ortopedia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em se tratando de dor, a prática da automedicação – bastante significativa entre os pacientes ortopédicos, por exemplo – deveria ser levada mais a sério, pois pode acarretar importantes problemas. “A automedicação leva à cronificação da dor. Isso significa que faz a dor aguda não tratada se tornar crônica. Leva à cronificação de lesões, como tendinites, piorando os resultados no tratamento, tanto clínico quanto cirúrgico, bem como favorece os efeitos adversos gastrointestinais, cardíacos e renais.”
O controle da dor é extremamente importante nessas circunstâncias. “Há estudos que indicam que a dor não controlada é a principal causa de reinternação e que tratar a dor melhora o resultado cirúrgico. “Nos casos de implantação de prótese no joelho, quando um paciente tem maior dor no pré-operatório significa que terá pior movimentação do joelho no pós-operatório, além de maior dor após a cirurgia, maior tempo de internação e de reabilitação, e um tratamento mais longo de fisioterapia”, diz Silva, que é também presidente do Comitê de Traumatologia Desportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).
O exemplo da automedicação está também entre os praticantes amadores de corrida. O Questionário de Avaliação do Corredor Brasileiro (QUAC-Br), realizado pelo Núcleo de Estudos em Esportes e Ortopedia, avaliou o perfil de 7.731 corredores brasileiros, de todas as faixas etárias, sendo 79,3% com idades entre 30-59 anos. O estudo aponta que 71,2% dos entrevistados já tinham tido alguma dor em decorrência da corrida e trataram-se sem procurar um médico. Entre eles, 30,6% afirmaram que tomaram anti-inflamatório por conta própria.
“Se levarmos em conta que o número estimado de corredores no Brasil seja de quatro milhões e que 21,8% se automedicam, teremos 872 mil pessoas colocando-se em risco devido a essa prática”, complementa o especialista.
Um dos caminhos para melhorar esse cenário é incentivar a discussão sobre a dor, que deve ser tratada com seriedade, entre médico e paciente. Contudo, de acordo com uma pesquisa da campanha Let`s Talk Pain (uma coligação americana que reúne organizações não governamentais e empresas ligadas ao tema), essa conversa não é vista de forma igual pelos médicos e pacientes. Ao redor de 60% dos pacientes disseram que foram abertos e honestos sobre a dor com seu médico. O mesmo estudo, entretanto, constatou que menos de 10% dos médicos consultados concordaram enfaticamente com o fato de que seus pacientes disseram a verdade sobre a sua dor.
Outro dado importante que o trabalho mostrou: embora a maioria dos médicos (cerca de 97%), acredite que existe tempo suficiente para debater a dor com os pacientes, menos da metade dos pacientes pesquisados (46%) teve a mesma opinião.
Outros caminhos sugeridos por Silva para reverter a situação são estimular a educação médica continuada em dor, normatizar as boas condutas e as práticas clínicas, e desenvolver estudos sobre o impacto da dor na qualidade de vida dos brasileiros. “Temos ainda de incentivar a realização de campanhas sobre os mecanismos da dor e as formas de tratamento, além de fomentar a participação da sociedade na questão. Também é preciso melhorar o controle sobre a venda de medicamentos, evitando que as receitas sejam trocadas no balcão da farmácia”, finaliza o médico.
Fonte: Fisioterapia Atual
A automedicação, uma prática muito comum no Brasil, traz riscos à saúde, quando realizada indiscriminadamente, e pode aumentar a possibilidade de surgirem efeitos colaterais indesejáveis. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) da Fiocruz, no Brasil, os medicamentos são o principal agente de intoxicação humana, com mais de 34 mil ocorrências por ano, entre elas 966 são causadas por automedicação.
O uso indiscriminado de medicamentos pode, por exemplo, anular sua eficácia ou potencializar seus efeitos adversos, além de mascarar sintomas ou agravar doenças. Já o uso racional, quando um medicamento é usado conforme as orientações dos médicos e da bula, resulta em tratamento eficaz e seguro no combate às doenças.
Para Rogério Teixeira da Silva, mestre e doutor em Ortopedia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em se tratando de dor, a prática da automedicação – bastante significativa entre os pacientes ortopédicos, por exemplo – deveria ser levada mais a sério, pois pode acarretar importantes problemas. “A automedicação leva à cronificação da dor. Isso significa que faz a dor aguda não tratada se tornar crônica. Leva à cronificação de lesões, como tendinites, piorando os resultados no tratamento, tanto clínico quanto cirúrgico, bem como favorece os efeitos adversos gastrointestinais, cardíacos e renais.”
O controle da dor é extremamente importante nessas circunstâncias. “Há estudos que indicam que a dor não controlada é a principal causa de reinternação e que tratar a dor melhora o resultado cirúrgico. “Nos casos de implantação de prótese no joelho, quando um paciente tem maior dor no pré-operatório significa que terá pior movimentação do joelho no pós-operatório, além de maior dor após a cirurgia, maior tempo de internação e de reabilitação, e um tratamento mais longo de fisioterapia”, diz Silva, que é também presidente do Comitê de Traumatologia Desportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT).
O exemplo da automedicação está também entre os praticantes amadores de corrida. O Questionário de Avaliação do Corredor Brasileiro (QUAC-Br), realizado pelo Núcleo de Estudos em Esportes e Ortopedia, avaliou o perfil de 7.731 corredores brasileiros, de todas as faixas etárias, sendo 79,3% com idades entre 30-59 anos. O estudo aponta que 71,2% dos entrevistados já tinham tido alguma dor em decorrência da corrida e trataram-se sem procurar um médico. Entre eles, 30,6% afirmaram que tomaram anti-inflamatório por conta própria.
“Se levarmos em conta que o número estimado de corredores no Brasil seja de quatro milhões e que 21,8% se automedicam, teremos 872 mil pessoas colocando-se em risco devido a essa prática”, complementa o especialista.
Um dos caminhos para melhorar esse cenário é incentivar a discussão sobre a dor, que deve ser tratada com seriedade, entre médico e paciente. Contudo, de acordo com uma pesquisa da campanha Let`s Talk Pain (uma coligação americana que reúne organizações não governamentais e empresas ligadas ao tema), essa conversa não é vista de forma igual pelos médicos e pacientes. Ao redor de 60% dos pacientes disseram que foram abertos e honestos sobre a dor com seu médico. O mesmo estudo, entretanto, constatou que menos de 10% dos médicos consultados concordaram enfaticamente com o fato de que seus pacientes disseram a verdade sobre a sua dor.
Outro dado importante que o trabalho mostrou: embora a maioria dos médicos (cerca de 97%), acredite que existe tempo suficiente para debater a dor com os pacientes, menos da metade dos pacientes pesquisados (46%) teve a mesma opinião.
Outros caminhos sugeridos por Silva para reverter a situação são estimular a educação médica continuada em dor, normatizar as boas condutas e as práticas clínicas, e desenvolver estudos sobre o impacto da dor na qualidade de vida dos brasileiros. “Temos ainda de incentivar a realização de campanhas sobre os mecanismos da dor e as formas de tratamento, além de fomentar a participação da sociedade na questão. Também é preciso melhorar o controle sobre a venda de medicamentos, evitando que as receitas sejam trocadas no balcão da farmácia”, finaliza o médico.
Fonte: Fisioterapia Atual